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  • Foto do escritorMateus Lamari

Hipermobilidade Articular: O Que É?

Hipermobilidade articular é quando você consegue mover suas articulações mais do que a maioria das pessoas. Esta condição pode trazer benefícios para dançarinos e ginastas, mas algumas pessoas podem sentir dor, cansaço, fragilidade dos tecidos e outros sintomas associados. Nesses casos é diagnosticada a Síndrome da Hipermobilidade Articular, um estágio mais grave. ​


Você provavelmente percebeu essa característica desde a infância, quando você conseguia movimentar suas articulações mais que os outros. Hipermobilidade, por si, não é uma doença, e a maioria das pessoas não tem sintomas. Ela inclusive pode ser uma vantagem para dançarinos, músicos e esportistas. Entretanto, algumas pessoas com hipermobilidade articular podem apresentar dor muscular, ou predisposição a luxações (tirar a articulação do lugar), tendinites, bursites, etc. Se você tem esses sintomas, você pode ter Síndrome da Hipermobilidade Articular.

Para lembrar:

Hipermobilidade articular generalizada + sintomas = Síndrome da Hipermobilidade Articular

Quatro fatores contribuem para que você tenha ou não hipermobilidade articular:


  • Ligamentos fracos ou distendidos - ligamentos são feitos de vários tipos de proteínas, incluindo elastina e colágeno. Pequenas variações na composição dessas proteínas pode causar fibras de colágeno fracas que aumentam a elasticidade dos ligamentos que mantém a articulação estável. Essa é a causa provável de hipermobilidade em várias articulações. Há fortes evidências que anormalidades no colágeno são genéticas porque quando um dos pais tem o problema, há 50 % de chance de os filhos tenham também.

  • Formato dos ossos - se a forma dos ossos for diferente pode ocorrer um aumento na amplitude de movimentos que a articulação realiza, levando a hipermobilidade, e ao aumento da chance de luxações. Normalmente nesses casos poucas articulações são afetadas e raramente existe um componente genético.

  • Tônus muscular - o tônus/rigidez muscular é controlado pelo sistema nervoso. Quanto mais relaxados os músculos estão, maior a flexibilidade para os movimentos.

  • Propriocepção (senso de movimento das articulações) - algumas pessoas tem dificuldade em perceber a posição da articulação sem olhar.


Quem tem Hipermobilidade Articular?

Algumas pessoas têm mais chances de ter hipermobilidade articular. Os principais fatores envolvidos são:

  • Genética: hipermobilidade resultante de anormalidade do colágeno e alteração no formato dos ossos. Entretanto, não se sabe ainda se a dor articular associada a hipermobilidade pode ser herdada.

  • Sexo: mulheres são mais propensas que os homens a terem hipermobilidade articular.

  • Idade: as fibras de colágeno tendem a ficar menos elásticas com o avançar da idade, aumentando a rigidez dos movimentos. É comum que jovens com hipermobilidade e sem queixas passem a ter desconforto em movimentos articulares a partir de 30-40 anos.

  • Etnia: pessoas de diferentes etnias tem diferentes graus de mobilidade articular, provavelmente relacionado a diferenças nas estruturas de colágeno.

  • Exercícios: a hipermobilidade articular pode ser desenvolvida em atletas e ginastas conforme os treinamentos. A Yoga pode tornar as articulações mais móveis pelo alongamento/relaxamento muscular.

  • Outras condições: muitas pessoas com Síndrome de Down são hipermóveis. E a hipermobilidade pode ser uma característica de outras doenças mais raras (ver seção de hipermobilidade ligada a outras condições).

Sintomas

Embora a hipermobilidade articular não seja uma doença, as pessoas com essa condição têm mais propensão a ter dores articulares, inclusive durante a realização de atividades diárias. Sintomas da síndrome de hipermobilidade articular podem incluir:

Tensão muscular ou dor, especialmente após atividades físicas: os músculos têm que trabalhar mais se as articulações são hipermóveis e isso pode levar a tensão muscular e sensação de fadiga. Uma lesão de uso excessivo da musculatura ao redor da articulação pode acontecer ( embora a dor possa parecer vir da articulação).

Rigidez articular: algumas vezes a articulação pode estar tensa ou rígida, o que pode acontecer pelo acumulo de líquido dentro da articulação. Isso ocorre, provavelmente, porque o corpo esta tentando reparar as lesões causadas pela sobrecarga dos movimentos. A dor normalmente piora com o passar do dia e alivia durante a noite com o repouso.

Dor no pé e tornozelo: é mais fácil para pessoas com hipermobilidade articular sofrer entorses de tornozelo, além disso, a queda do arco do pé ( “pé chato”) pode levar a dor nos pés, principalmente após permanecer por longos períodos em pé.

Dor no pescoço e nas costas: isso pode ser um problema se você tiver uma coluna flexível e os músculos ao redor da coluna não derem suporte suficiente para os movimentos. Muito raramente uma vértebra pode deslizar sobre a outra (espondilolistese)

Articulações lesionadas ou deslocadas(luxações): articulações hipermóveis são mais propensas a se lesionar se estiverem sobrecarregadas. Eventualmente a articulação pode sair do lugar (luxação), principalmente ombros e rótula/patela, além disso, os tecidos ao redor da articulação (cartilagem, tendões, ligamentos) podem se romper.


Diagnóstico

Qualquer profissional de saúde capacitado poderá realizar o diagnóstico através do exame físico e de perguntas direcionadas. Os critérios de Beighton auxiliam na avaliação rápida de hipermobilidade com a verificação de aumento da flexibilidade nas mãos, cotovelos, joelhos, coluna lombar. Uma pontuação alta nesses critérios quer dizer que você tem hipermobilidade e não necessariamente síndrome da hipermobilidade articular.

Se você tem queixas em articulações não analisadas pelos critérios de Beighton (mandíbula, coluna cervical, ombros, quadris, tornozelos), você deve contar ao seu Fisioterapeuta. Também podemos adiantar o questionário de hipermobilidade:


Questionário de hipermobilidade (Hakim e Grahame, 2003)


1. Você consegue (ou já conseguiu) colocar as palmas das mãos no chão sem flexionar os joelhos?


2. Você consegue (ou já conseguiu) dobrar seu polegar até tocar o antebraço?


3. Quando criança você se contorcia mais que outras crianças ou abria completamente as pernas (espacate)?


4. Você já deslocou o ombro ou a patela mais de uma vez?


5. Você se considera uma pessoa mais flexível que o normal?


Se a resposta for positiva para 2 itens: 85% de sensibilidade e 90% de especificidade para SHA


Tratamento

A hipermobilidade não é algo que possa ser mudada ou curada, é a forma como o corpo foi desenvolvido. Entretanto, se causar sintomas, eles podem ser controlados com Fisioterapia e a mudança no ritmo de suas atividades. Caso seja necessário, o tratamento medicamentoso pode ser utilizado. Lembre-se que é muito comum ter hipermobilidade articular e a maioria delas não terão outros problemas. Entretanto, algumas pessoas terão sintomas que afetam as atividades da vida diária.

Os principais tratamentos são: Fisioterapia: os estudos mostram que os sintomas melhoram com exercícios de fortalecimento e condicionamento da musculatura ao redor da articulação. É importante realizar essas atividades com frequência regular e não sobrecarregar as articulações, de preferência com auxilio de um fisioterapeuta ou educador físico. Você pode usar talas ou bandagens para proteção contra luxações.

Exercícios: natação, andar de bicicleta, exercícios de baixo impacto articular, a depender da avaliação.

Palmilhas: dão suporte ao a estrutura do pé, evitando sintomas.

Medicamentos: analgésicos são o tratamento de escolha se você tem sintomas, o paracetamol e a dipirona são normalmente a primeira escolha, e podem ser usados antes da realização e atividades físicas, para manter a dor controlada, ao invés de esperar até a dor se agravar. Cirurgia: geralmente cirurgias não são recomendadas para pacientes com síndrome da hipermobilidade articular. Isso porque, pela alteração dos tecidos que foram os tendões e cartilagens eles não cicatrizam regularmente. Entretanto em casos selecionados as cirurgias devem ser realizadas (como ruptura de tendões), sempre em comum acordo entre você e seus médicos. Atividades Diárias

Exercícios regulares fazem parte de um estilo de vida saudável não há motivos para que alguém com hipermobilidade articular não se exercite. Entretanto, se determinadas atividades causam dor, você deve evitá-las até uma avaliação específica. Eventualmente com fortalecimento adequado e intensidade progressiva elas podem ser realizadas sem desencadear dor. Um Fisioterapeuta especialista podem orientar exercícios mais adequados e a maneira de realizá-los. Natação, andar de bicicleta, pilates tendem a ajudar, mas você deve ficar atento ao aparecimento de sintomas.


A Hipermobilidade Articular Está Relacionada a Outras Doenças?

A hipermobilidade, por si só, não é um tipo de artrite, mas em alguns casos pode estar associada a artrose, principalmente se há alteração no formato dos ossos.

Se você estiver acima do peso, é recomendado a busca de um peso saudável, para reduzir a carga sobre as articulações e evitar lesões.

Embora a síndrome de hipermobilidade articular cause sintomas em várias partes do corpo, na maioria das vezes ela não esta associada a outra doença. Entretanto algumas doenças raras do colágeno podem estar associadas a hipermobilidade como osteogênse imperfeita, síndrome de Marfan e Síndrome de Ehlers- Danlos. Vale a pena ressaltar que no caso dessas associações a pessoa apresentará outros sintomas além da hipermobilidade articular.


Concluindo...

O mais importante é que o diagnóstico correto, com um especialista, seja feito o mais precoce possível, evitando a instalação de complicações. Procure sempre profissionais capacitados e especialistas no assunto. A Clínica Lamari oferece equipe completa, com Fisioterapeutas, Médicos, Nutricionistas, Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos, Educadores Físicos, Fonoaudiólogos. Para mais informações, entre em contato.


Obrigado!

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